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Eusébio, ele, foi tudo. Tudo isso e muito mais. Foi ele e fomos nós, fui eu também.
Foi o grande jogador, o génio, a arte, a força, a resistência, a velocidade, a espontaneidade, o requinte, excelência do remate de golo.
Eusébio foi o expoente máximo na execução do passe, na finalização, no lance mais inesperado. Surpreendia o adversário na interpretação rápida, encontrando a melhor decisão a tomar. Tinha o conhecimento catedrático de tudo relacionado com o jogo, esse poder de um grande líder político, esse saber de um grande escritor, essa imaginação de um ator, porque a sua cultura era a perfeição, muitas vezes a perfeição do imprevisto.
O seu talento produzia fantasia e eficácia, tinha beleza estética e atlética, praticava a subtileza, tudo num combinado genial que conferia golos, vitórias e sucesso.
Depois de um triunfo, não havia mazela, nada doía. Depois de um desaire, havia mazela, doía tudo.
Campanha de qualificação para o campeonato do mundo de 1962 no Chile, Portugal apostava na obtenção da primeira qualificação de sempre para um campeonato do mundo.
Portugal chega ao último jogo a precisar de um milagre, era preciso vencer em Inglaterra. Estádio de Wembley repleto - cem mil espectadores, com recorde absoluto de bilheteira em Inglaterra -, Portugal estava derrotado aos dez minutos (2-0), com golos de Conelly e Pointer. Depois, só deu "Pantera Negra", alcunha inventada pelos próprios jornalistas britanicos. As crónicas do dia seguinte, em Portugal como em Inglaterra, focaram-se quase exclusivamente em Eusébio, nas suas fintas, nos seus remates fulminantes, na sua velocidade, na fúria do seu futebol. Pontapés acrobáticos, simulações de corpo, remates ao poste - houve de tudo. Os Ingleses deliraram. Os Portugueses também. Começava a formar-se o mito de Eusébio da Silva Ferreira.
Nos anos seguintes haveriam de ser escritas por si, algumas das mais belas páginas da nossa história futebolística - e seguramente as mais belas até hoje. Dos dois títulos de campeão europeu conquistados pelo Benfica logo nesses primeiros anos da década (1961 e 1962), um deles, o segundo, deve-se-lhe quase por inteiro.
Ajudou a Selecção Nacional Portuguesa a alcançar o terceiro lugar no Campeonato do Mundo de 1966, sendo o maior marcador da competição (recebendo a Bota de Ouro), com nove golos (seis dos quais foram marcados em Goodison Park), tendo recebido a Bola de Bronze. Ganhou a Bola de Ouro em 1965 e ficou em segundo lugar na atribuição da mesma em 1962 e 1966. Eusébio ainda é o melhor marcador de sempre do Benfica, com 638 golos em 614 jogos oficiais. No Benfica ganhou 11 Campeonatos Nacionais (1960-1961, 1962-1963, 1963-1964, 1964-1965, 1966-1967, 1967-1968, 1968-1969, 1970-1971, 1971-1972, 1972-1973 e 1974-1975), 5 Taças de Portugal (1961-1962, 1963-1964, 1968-1969, 1969-1970 e 1971-1972), 1 Taça dos Campeões Europeus (1961-1962) e ajudou a alcançar mais três finais da Taça dos Campeões Europeus (1962-1963, 1964-1965 e 1967-1968). Foi o maior marcador da Taça dos Campeões Europeus em 1965, 1966 e 1968.
Ganhou ainda a Bola de Prata sete vezes (recorde nacional) em 1964, 1965, 1966, 1967, 1968, 1970 e 1973. Foi o primeiro jogador a ganhar a Bota de Ouro, em 1968, façanha que mais tarde repetiu em 1973.
Eusébio viria a tornar-se uma lenda, conquistando em definitivo o título de "Rei" e um lugar no coração dos adeptos de futebol em todo o mundo!