Bruno Lage na antevisão ao jogo com o SCBraga
Bruno Lage perspetiva um "grande espetáculo" no jogo frente ao Braga na 21.ª jornada da Liga NOS, às 18h00 de sábado, no Estádio da Luz.
"Para nós, este jogo é a oportunidade de voltarmos a atuar em casa, perante os nossos adeptos, e fazer uma boa atuação para vencer, porque só uma grande equipa pode ganhar a este Braga", projetou Bruno Lage em conferência de Imprensa no Benfica Campus.
É a terceira vez que Benfica e Braga se defrontam nesta temporada, a primeira desde que o adversário é treinado por Rúben Amorim. Que jogo perspetiva para este sábado no Estádio da Luz?
Esperamos um Braga muito competente pelo que tem feito ao longo da época. Teve um trajeto um pouco irregular no Campeonato na fase inicial da época, mas também fruto da sua excelente campanha europeia, e depois no último mês foi a melhor equipa em Portugal pelo que fez na Liga NOS e na Taça da Liga. Em função disto, esperamos um adversário muito competente, que alterou o seu sistema tático [para atuar com três centrais numa linha defensiva de cinco jogadores], com jogadores de muita qualidade. Para nós é a oportunidade de voltarmos a jogar em casa, perante os nossos adeptos, e fazer uma boa atuação para vencer, porque só uma grande equipa pode ganhar a este Braga.
Falou da mudança de sistema no Braga. Esta tática, assente em três centrais, que dificuldades e que desafios coloca aos adversários?
Para além da linha de cinco defesas, a construção a três proporciona máxima largura. Frente a uma equipa que normalmente jogue com quatro defesas, como nós, vai ter sempre três jogadores entre defesas e dois à largura. Uma construção a três contra uma pressão de apenas dois jogadores também nos obriga a correr muito, a pressionar de outra maneira, a sermos muito competentes a defender.
Já vai contar com André Almeida neste jogo?
Ainda não.
Em que é que Ruben Amorim é mais completo e em que é que é menos completo? O que oferece este treinador que o SC Braga não tinha?
Não quero entrar em comparações... O registo do SC Braga tem sido muito bom ao longo da época. Primeiro, intercalando entre Campeonato e as competições europeias, em que fizeram uma prova fantástica. Foi também com Sá Pinto que chegaram à final four [da Taça da Liga]. São situações que acontecem. Quem entra, olha para a equipa em função das suas ideias e tem de as implantar, sem perder as características dos jogadores, e isso está bem vincado. As dinâmicas dos homens da frente; os jogadores a procurar o espaço interior para rematar; o Fransérgio com as suas diagonais entre lateral e central do lado direito; uma construção sólida, à largura, para ter bola... É um conjunto de valores coletivos e individuais que permitiu ao SC Braga ter uma equipa muito competente e que a levou a conquistar a Taça da Liga.
Acredita que o SC Braga de amanhã [sábado] será o mais forte adversário que o Benfica vai encontrar? Concorda que este é dos jogos teoricamente mais difíceis que terá até ao final da época?
Na época passada, o jogo que fizemos em Braga foi muito difícil; já nesta época, no nosso Estádio, o 2-1 para a Taça de Portugal foi muito difícil. O que vejo é o crescimento do SC Braga, em termos de infraestruturas e qualidade do plantel. Tem um treinador que acabou de chegar e fez o que fez neste mês. Até fiquei surpreendido por eu ter sido eleito o Melhor Treinador de janeiro, e já percebi o porquê. O SC Braga votou em mim e isso pode ter sido a diferença. Estes prémios individuais são importantes, mas o que interessa são as conquistas coletivas. Em termos coletivos, o SC Braga venceu a Taça da Liga e o Benfica conquistou a Supertaça. Encontram-se duas excelentes equipas para proporcionar um grande espetáculo. Da nossa parte, uma enorme ambição, com o apoio dos nossos adeptos a cantarem "Eu amo o Benfica!" de princípio a fim para ajudarem a equipa a ultrapassar este adversário.
O Benfica vem de uma derrota no clássico com o FC Porto no Campeonato e de um empate frente ao Famalicão na Taça de Portugal, um resultado que, no entanto, permitiu o apuramento para a final da Taça. Por este momento o moral da equipa poderá estar beliscado?
Há uns dias a perspetiva era outra... O momento é cada momento. Não fizemos o jogo que pretendíamos, principalmente em termos defensivos, no Dragão. Três dias depois tivemos um jogo muito complicado em casa do Famalicão, mas o que me deixa satisfeito no nosso percurso é que a equipa tem sabido dar boas respostas. Prefiro olhar para a época inteira: em termos nacionais estamos em primeiro lugar no Campeonato e na final da Taça de Portugal. Amanhã [sábado] temos uma oportunidade muito boa de voltar a jogar com a qualidade que queremos diante dos nossos adeptos. É assim que temos de ver as coisas.
Qual é o estado de Gabriel? Quando volta à competição e qual o impacto da sua ausência na equipa?
Não temos previsão de nada. Foi uma situação que aconteceu e a nossa preocupação é olhar para o ser humano. É um jogador fantástico, que nos faz falta, mas todos fazem falta. O contributo do Gabriel é importante, é um jogador que nos dá garantias, como todos. Qualquer jogador, quando joga, oferece coisas boas. Não tendo Gabriel, vai entrar outro e dará o seu melhor. O mais importante é arranjarmos soluções para a equipa manter as dinâmicas e a qualidade de jogo.
Assumiu que o Benfica tem de ser mais efetivo na pressão para evitar a saída com bola dos adversários. Como acontecerá isso sem Gabriel, que é, eventualmente, o melhor médio do Benfica nessas funções?
Sim! Por isso é que o trabalho dos avançados também é muito importante. Independentemente das individualidades, o coletivo tem de funcionar. Em termos ofensivos temos trabalhado com o Odysseas para que o ataque com qualidade comece nele; em termos defensivos trabalhamos muito e exigimos dos avançados para sermos competentes a defender. É para o coletivo que temos de olhar.
Referiu, na conferência de Imprensa anterior, fragilidades na equipa que já tinha detetado. O que foi feito para tentar resolver essas fragilidades, e por que motivo não foi contratado mais ninguém?
Todas as equipas e jogadores têm pontos fortes e menos bons. O que é que um jogador oferece? Isto, isto e isto! As dinâmicas são: conseguirmos esconder o que temos de menos bom e explorar o nosso potencial. Num jogo, pela análise que vamos fazendo, é ver o valor que tenho enquanto equipa e explorar os pontos fracos do adversário, bem como os espaços que nos oferecem e proteger ou esconder os aspetos em que somos menos bons. Nesta casa trabalha-se muito e treina-se muito. Mas há coisas que são o limite de cada um e o valor e a competência do adversário. O importante é o coletivo e não falar sobre por que razão não se contratou A, B ou C.
Teme que o ambiente de crispação seja prejudicial no que falta disputar no Campeonato?
Até me custa que seja a RTP a fazer esse tipo de perguntas, quando devíamos estar a olhar para o futebol e o que pretendemos que seja. Vamos contra o Braga e estamos a falar de comunicados... Olhe, sobre isso o Presidente já disse o que tinha a dizer, e eu gosto é de falar do jogo. Há pouco falámos do que são as oportunidades, de olhar para a vida e percebermos o que é o momento bom e o momento mau... A seguir ao jogo com o Famalicão, recebi uma notícia triste: faleceu o pai de um amigo meu. Reencontrei vários amigos de infância e um deles disse-me que o seu filho meio, com cinco anos, fez um transplante do fígado...
(...)
Vamos olhar para estas coisas do futebol como momentos maus? Não! Temos de olhar para estas coisas como oportunidades, e a nossa oportunidade é amanhã [sábado] fazermos um grande jogo perante os nossos adeptos, que, no final do jogo no Dragão, apesar da derrota perante um adversário direto, cantavam o "Eu amo o Benfica!". A oportunidade que temos neste jogo com o Braga é a de os nossos jogadores colocarem todo o seu brio e profissionalismo em campo, disputar cada bola com enorme ambição, para que os adeptos – e já sei que o Estádio está cheio – tenham orgulho nos jogadores e os apoiem nos momentos em que eles precisarem, e que continuem a cantar "Eu amo o Benfica!". Esta é a oportunidade que temos de agarrar.