Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

O Maior Clube do Mundo

O Maior Clube do Mundo

Magnifico Titulo conquistado em Basquetebol

07.06.09, João Silva

Uma equipa para a história!

Nunca o basquetebol português tinha assistido a uma coisa assim. Uma equipa não só estabeleceu uma nova marca de vitórias consecutivas (31), como também venceu uma final sem perder um único jogo. São apenas dois dados que ajudam a explicar a força do Benfica, versão 2008/09, justo herdeiro daquele que nos anos 80 e 90 espalhou magia pelos pavilhões nacionais sob o comando de Carlos Lisboa.

Alma lusitana
Desta feita, não existe um Lisboa, mas são mais do que muitos aqueles que, nascidos em Portugal, ajudaram o Benfica a recuperar o título perdido há 14 anos. Desde logo, torna-se impossível dissociar a conquista deste campeonato dos lusos António Tavares (base, 30 jogos e 207 pontos), Diogo Carreira (base, 35 jogos e 253 pontos), Miguel Barroca (base, 29 jogos e 86 pontos), Miguel Minhava (base/extremo, 26 jogos e 187 pontos), Ekjersey Viana (extremo/poste, 37 jogos e 150 pontos) e Marco Gonçalves (20 jogos e 55 pontos).

Também Edson Ferreira (base, 10 jogos e 14 pontos) e Diogo Leiria (base, 10 jogos e 32 pontos), apesar de menos influentes, revelaram aptidões nas oportunidades dadas pela antiga glória Henrique Vieira.

Igualmente portugueses, mas ainda mais influentes na equipa foram Sérgio Ramos (extremo, 37 jogos e 683 pontos) e João Santos (extremo, 38 jogos e 416 pontos) revelaram-se gigantes a todos os níveis. O primeiro, regressou a Portugal pela porta grande ao clube que o formou, realizando uma época soberba, sabendo sempre tomar as decisões certas nos momentos mais importantes. O segundo nunca deixou arrefecer a mão, revelando-se imperial no jogo exterior e um gigante nas tabelas. Por último, Élvis Évora, um poste que, apesar de ter chegado na segunda metade da época, revelou-se de extrema importância, sendo crucial na luta das tabelas e revelando boas médias de tiro, concretizando 223 pontos em 22 jogos.

Heróis sem fronteiras
Apesar de serem tantos os heróis portugueses, o Benfica também teve em três norte-americanos elementos que ficam para a história. Uma palavra, desde logo, para Rahein Brown, um poste que em oito jogos apontou 79 pontos e, acima de tudo, mostrou qualidades que em muitos deixaram água na boca. Que pena ter-se lesionado tão cedo. E por falar em lesões, o momento mais delicado da época surgiu quando o base/extremo Ben Reed (32 jogos, 315 pontos) se lesionou já em pleno Play-off. Talvez o jogador mais decisivo da equipa, obrigou a reajustes no colectivo, mercê da sua lesão.

Só que foi nessa altura que o Benfica se uniu e voltou a provar que a sua força era mesmo o conjunto. Imagem de marca dessa atitude, Seth Doliboa (talvez o melhor estrangeiro a jogar em Portugal) foi um astro com brilho de NBA, mas também o puro exemplo de como jogar para a equipa. No final, 38 jogos e 634 pontos dizem muito, mas não tudo, pois o fleumático Doliboa foi mais, muito mais.

Noves fora...
Mas muito mais há a dizer. Se o basquetebol é um jogo de estatísticas e eficácias, note-se que o Benfica foi o melhor colectivo:
- Média de pontos por jogo (2.º, com 84,7)
- Eficácia de tiro - 2 pontos (1.º, com 57%)
- Eficácia de tiro - 3 pontos (1.º, com 38%)
- Eficácia de tiro - lances livres (1.º, com 78%)
- Média de ressaltos por jogo (3.º, com 34,6)
- Média de assistências por jogo (3.º, com 16,1)
- Média de MVP (1.º, com 102,7)

E em termos individuais, os números também são claros:
- Média de pontos por jogo (Sérgio Ramos, 7.º, com 18)
- Eficácia de tiro - 2 pontos (Sérgio Ramos, 4.º, com 63%)
- Eficácia de tiro - 3 pontos (João Santos, 2.º, com 43%)
- Eficácia de tiro - lances livres (Diogo Carreira, 6.º, com 88%)
- Média de ressaltos por jogo (Élvis Évora, 8.º, com 7,6)
- Média de assistências por jogo (Ben Reed, 2.º, com 4,9)
- Média de MVP (Sérgio Ramos, 7.º, com 20,7)

Saber sofrer e... fazer história
Se os números não enganam, muito menos engana a qualidade das exibições do Benfica. Durante toda a fase regular só soube ganhar, estabelecendo um novo recorde nacional de vitórias consecutivas. O 1.º lugar na tabela poderia significar um argumento decisivo numa possível final, mas tal veio a ser um factor apenas secundário.

Nos quartos-de-final, ante um FC Porto cujas "labaredas" muito pouco chamuscaram, o "Glorioso" impôs-se com categoria, quer na Luz quer na invicta. O 3-1 final provou que a melhor equipa seguiria em frente.
Até que surgiu a Académica. Esse sim, um adversário complicado que deu que fazer aos lisboetas. Jogos com dois e três prolongamentos e muita emoção à mistura, conseguindo os "estudantes" equilibrar com empenho a falta de argumentos.

Só mesmo o melhor Benfica conseguiu seguir em frente, num total de 3-2. Até que na final, ante a tricampeã Ovarense, veio ao de cima a melhor versão da defesa benfiquista. O "showtime" surgiu a espaços, mas a imponência táctica e a garra registada debaixo das tabelas fizeram toda a diferença. Aos 77-61 e 70-62 registados na Luz, o Benfica complementou com duas expressivas vitórias em Ovar (59-75 e 63-71). E assim se fazia história.

Bases da vitória
Após várias épocas em que o Benfica não conseguiu estabilizar o plantel, eis que na presente temporada, após uma antecâmara trilhada na ProLiga na passada época, o "Glorioso" voltou ao sucesso. E fê-lo com uma base portuguesa, com referências, com mística, com tudo aquilo que o leva a ser o mais bem sucedido emblema da modalidade em Portugal.

Para a história ficam, claro, os jogadores anteriormente referidos, mas ninguém poderá esquecer Henrique Vieira (treinador), Nuno Ferreira (adjunto), José Tomaz (presidente de secção), Miguel Estevão (fisioterapeuta), Marques Teixeira e Amadeu Rocha (seccionistas) e Paulo Neves (técnico de equipamentos), entre tantos outros elementos fulcrais na conquista do título.

Mas falta destacar Carlos Lisboa e Luís Filipe Vieira. Não só construíram uma equipa de sucesso, com resultados, como também já deram o próximo passo: renovar com muitos dos jogadores que fizeram deste um Benfica campeão. Depois dos heróis olímpicos, depois do judo, depois dos desportos de combate, depois do futsal, depois do voleibol, depois do andebol... eis o basquetebol a provar que o sucesso do eclectismo está mesmo de regresso ao Benfica.

 

 

 

 

Saudações Benfiquistas.